Para quem costuma seguir o blog, e já o conhece há algum tempo, sabe que este navio em particular poucas vezes figurou neste espaço.
Pois bem, hoje, dia 1 de Dezembro, o gigante "França Morte" viu pela primeira vez a sua entrada fotografada por uma objectiva que o esperava pacientemente há 102 dias.
Num dia frio de Inverno, com vento para ajudar à festa, o sol quis aparecer e tornou esta entrada menos desconfortável para quem quis assistir.
E tal como indicava na informação do AIS, quase que com uma pontualidade inglesa, às 10h26 lá aparecia o "França Morte" no horizonte.
Vindo do Porto de Vigo, Espanha, onde descarregou, o balanço do navio à entrada era notório, mas nada que possa afectar este gigante calejado e feito para lidar com Mar de outra categoria.
Auxiliando a entrada, o sempre fiel "Salinas de Aveiro", rebocador da Tinita.
A tripulação, que acenava aos seus familiares, estava desejosa de calcar o betão do chão do Terminal Norte, bem mais firme e seguro que o convés do navio.
Construído em Espanha, nos ASTILLEROS JOSE VALI JOSE VALIÑÑA, S.A., na Corunha, no ano de 2005, trata-se efectivamente do mais moderno arrastão de pesca longínqua a operar em Portugal. Pertence ao armador Pedro França, detentor também do "Lutador" e do "Aveirense", tendo realizado 3 viagens este ano, totalizou 245 dias de mar, mais coisa menos coisa.
E é com esta foto que me despeço!
Ficamos então à espera do "Pascoal Atlântico", que se tudo correr bem fechará este ano, contando já com 131 dias de mar.
Lá para Janeiro, se não for antes, começa tudo novamente, um ciclo que se repete desde há muitos anos na concretização efectiva da nossa ligação com o Mar. Não é com conversas fiadas, discussões políticas, e jogos de xadrez que se ataca o Mar, é com tripulações devidamente formadas, treinadas, e navios eficazes e competitivos. São as Naus, e toda uma estrutura de suporte às mesmas que torna um país como o nosso num país do Mar. Com as Naus a ficarem velhas, e as estruturas a desaparecer, a nossa Independência, celebrada hoje, torna-se cada vez mais numa miragem, e o Fado que nos espera será outro, bem mais triste e cinzento.
Mas claro, positivo como sou, algo de melhor nos espera, ou não tivéssemos cruzado os Sete Mares!
Até à próxima!
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© 2012 por Tiago Neves. Todos os direitos reservados.
Espectacular...
ResponderEliminarGostei deste post, em especial do último parágrafo.
ResponderEliminarHaja esperança!
O rebocador Mercúrio da Tinita já foi da Reboport?
ResponderEliminarComprimentos.
Sinceramente, não lhe sei responder, pois não tenho dados suficientes sobre esse navio.
ResponderEliminarCumprimentos e obrigado pela visita.
Bom Artigo!
ResponderEliminarÉ o navio que mais têm pescado, entre Portugal e Espanha.
Reconhecido pelos próprios armadores em Espanha, chamam-lhe, o «O Ferrari das pescas»! Um orgulho para Portugal!
Cumprimentos Tiago,
Hélder Perez, Vigo
Muito obrigado pela visita Hélder! Este navio tem toda a substância para ser um Ferrari, ainda para mais com o seu aspecto pujante!
EliminarCumprimentos,
Tiago Neves.
Boa Noite,
ResponderEliminarGostei de ver as fotos deste arrastão, sem dúvida muito diferente dos nossos de S. Jacinto, mas não deixa de ser belo á sua maneira
Sabes quando regressa? Gostava de tirar umas fotos.
Cumprimentos Tiago.
Boa Noite,
ResponderEliminarDesde já agradeço a sua visita.
É bem verdade o que diz. O França tem genes islandeses, os nossos um toque mais alemão, sendo que os dois últimos já terão algo de espanhol, segundo dizem, dos estaleiros Barreras. Mas a qualidade de construção dos nossos ultrapassa qualquer um estrangeiro, e a prova é que mesmo passados 40 anos, alguns com maus tratos à mistura, ainda cá andam, e encantam.
Julgo que o França Morte terá saído há 38 dias para a NAFO, e ainda não terá data de regresso. Mas se eu souber alguma coisa, publico aqui no blog, ou na página do blog no Facebook.
Cumprimentos,
Tiago Neves.